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Comer Demais


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O excesso de peso já é considerado hoje um problema de saúde pública. A obesidade alcançou proporções epidêmicas e autoridades médicas mundiais decidiram tratar o problema de forma mais eficiente para evitar a explosão global de doenças relacionadas à gordura.

Depois de anos concentrada na promoção de dietas saudáveis para conter a demanda pelo “fast e junk food” (lanches rápidos e gordurosos), a Organização Mundial da Saúde verifica agora o que pode ser feito do outro lado --o dos fornecedores, em busca da cooperação dos produtores de alimentos.

“É impressionante constatar que em 1991, apenas quatro Estados americanos tinham predomínio de sobrepeso e obesidade ( IMC - Índice de Massa Corporal entre 25 a 30 kg / m2 é sobrepeso e acima de 30 é obesidade). No ano 2000, menos de 10 anos, são 49 Estados”. Quem afirma esse dado preocupante é o Dr. Durval Ribas Filho, presidente da ABRAN - Associação Brasileira de Nutrologia.

A obesidade é uma doença crônica, doença crônica requer um tratamento crônico e se o tratamento parar a tendência é a doença voltar. “È importante que se diga que nem todo obeso come muito e nem todo magro come pouco. A obesidade deve-se mais ao que se come do que a quanto se come. A quantidade consumida de alimentos pode gerar um desequilíbrio na balança da ingestão e gasto. Ganha-se peso ao ingerir mais do que se gasta. Em contrapartida, perde-se ao gastar mais do que se ingere. O ideal é manter o peso estável quando os pratos da balança estão equilibrados”, explica Dr. Durval Ribas Filho.

Nos últimos dois anos, especialistas têm confirmado que obesidade, diabetes e doenças cardíacas - comumente observadas em nações mais ricas - se espalham cada vez mais pelos países em desenvolvimento. É interessante observar que esse quadro parece familiar, mesmo em regiões que sofrem de subnutrição.

É o que mostra uma pesquisa da OMS que inclui números da África, Oriente Médio, América Latina e Caribe. Estima-se, por exemplo, que 22 milhões de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo estejam com excesso de peso ou obesas. Estudos indicam que em algumas regiões da África, gordura e obesidade afetam mais crianças do que a subnutrição - algumas vezes quatro vezes mais.

Pesquisas no Brasil


Pesquisas também mostram que o brasileiro passou a se alimentar cada vez pior. Se antes o arroz e o feijão eram o prato nacional, hoje, com a correria do dia-a-dia, cresce a preferência pelo fast-food e ficam para trás alimentos ricos em carboidratos, que valorizam produtos gordurosos como lingüiça e salsicha. O crescimento do consumo de refrigerante e cerveja também reforça os péssimos hábitos alimentares adotados no país.

Se o Brasil ainda está longe dos índices alarmantes dos Estados Unidos, por aqui o aumento do número de pessoas com excesso de peso preocupa. Estudos indicam que cerca de 32% da população brasileira( 27 milhões de pessoas com Índice de Massa Corporal - IMC entre 25 e 29,9kg/m2) já sofre com o problema que - embora seja menos grave que a obesidade propriamente dita - coloca o Brasil em sexto lugar no ranking mundial da balança.

Outros 8% (6,8 milhões de brasileiros) são obesos com IMC de 30 a 40kg/m2. Do total da soma dos obesos e indivíduos com sobrepeso, 37% são homens e 55%, mulheres. Pesquisas revelam que o aumento de peso do brasileiro é reflexo de melhora nas condições de vida. Segundo o último Censo, há hoje um número maior de pessoas com computador, videocassete e televisor em casa, o que colabora para a inatividade física e, conseqüentemente, o ganho de quilos a mais: casos em que a tecnologia depõe contra a saúde!

Crianças à Mesa Atualmente, uma das grandes preocupações dos especialistas é com o crescimento da obesidade entre crianças e adolescentes. Estudos indicam que o excesso de peso já é hoje um problema para 1/3 da população infantil do país. Estima-se também que 2/3 dos adolescentes e crianças obesas serão também adultos obesos, se não recorrerem a tratamentos para redução do peso corporal. As atenções estão voltadas, inclusive, para os produtos comercializados nas cantinas dos colégios brasileiros , no esforço de sensibilizar sobre a importância do consumo de alimentos mais saudáveis - como sucos naturais, frutas e iogurtes, em detrimento de salgadinhos e refrigerantes.

A obesidade infantil pode ser genética ou por vários outros motivos. Mas de qualquer forma os pais têm grande responsabilidade na alimentação dos filhos. Alguns transformam o momento das refeições em “sessões de tortura”, tanto para as crianças quanto para eles mesmos. Resultado: conseqüências sérias que chegam até a traumas importantes.  Quando a gordura oculta a beleza

Causadora de uma série de disfunções sociais e psicológicas, a obesidade também desencadeia problemas de ordem estética. A gordura se aloja por todo o corpo, até mesmo no rosto, cujas feições ficam deformadas e abatidas. Deixa as pálpebras intumescidas, inchadas, o tecido adiposo sob o queixo esconde os contornos do rosto e cobre o pescoço de papadas e a linha do corpo deforma-se pouco a pouco.

A gordura é, na verdade, a grande vilã da beleza. Ela pode e deve ser combatida de forma adequada, com controle de especialistas e jamais com regimes radicais e que duram tão pouco. Dr. Durval cita Molière numa frase simples e verdadeira: “Coma para viver, e não viva para comer” (Molière, 1622 – 16).
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