A roda dos alimentos é um instrumento de educação alimentar largamente reconhecido pela população portuguesa pela sua utilização desde 1977 na campanha “Saber comer é saber viver”. A sua forma circular associa-se ao prato vulgarmente utilizado às refeições, e a sua divisão por grupos permite identificar facilmente qual a proporção com que os alimentos de cada um desses grupos deve estar presente na alimentação diária, incentivando maior consumo dos alimentos pertencentes aos grupos de maior dimensão e menor consumo daqueles que se encontram nos grupos de menor dimensão. Dentro de cada grupo estão reunidos alimentos nutricionalmente semelhantes entre si, que devem ser regularmente substituídos entre si de modo a assegurar a variedade alimentar. - Folheto explicativo da nova roda dos alimentos Para outras informações consulte o site: http://www.consumidor.pt/pls/ic/app_ver_canal?id=5451&p_acc=0&plingua=1 |
î As recomendações para a população portuguesa, em termos nutricionais, são as seguintes: 1) Promoção do aleitamento materno; 2) Aumento do consumo de hidratos de carbono complexos; 3) Aumento do consumo de fibra; 4) Redução do consumo dos lípidos totais, em especial à custa dos ácidos gordos saturados e colesterol; 5) Redução do consumo de sacarose; 6) Redução do consumo de sódio; 7) Redução do consumo de álcool; 8) Ingestão adequada de cálcio; 9) Ingestão adequada de flúor (1); 10) Adequação alimentar às necessidades energéticas. (1) De acordo com as recomendações publicadas no Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral - 2005, a suplementação da alimentação com flúor não é recomendada para nenhuma faixa etária da população. Excepcionalmente, as crianças com elevado risco para o aparecimento de cárie dentária podem fazer 1 comprimido diário de fluoreto de sódio a 0,25 mg. î A estas recomendações poder-se-ão acrescentar as seguintes especificações em termos alimentares: 1) Aleitamento materno nos primeiros meses de vida, pelo menos durante os primeiros seis meses; 2) Consumo adequado de cereais e seus derivados, como o pão e outros, batatas e leguminosas; 3) Aumento do consumo de produtos hortícolas e de frutos frescos; 4) Redução do consumo de gorduras, em especial das gorduras sólidas e das sobreaquecidas; dar preferência ao consumo de azeite; 5) Aumento do consumo de peixe; 6) Redução do consumo de açúcar e de produtos açucarados; 7) Redução do consumo de sal; 8) Em caso de ingestão de bebidas alcoólicas, que esta seja feita com moderação. Grávidas, lactantes, crianças e jovens com menos de 17 anos nunca devem beber álcool; 9) Consumo adequado de leite e seus derivados; 10) Manutenção de um peso adequado à custa de um equilíbrio entre a ingestão alimentar e a actividade física; 11) Ingestão alimentar variada e fraccionada em pelo menos cinco refeições diárias; 12) Uma primeira refeição equilibrada logo após o acordar. (*) Fonte: Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição, Comissão de Educação Alimentar. "Recomendações para a educação alimentar da população portuguesa"; 1997 î Estratégia Global de Alimentação, Actividade Física e Saúde î Contextualização: Em 2001 as doenças crónicas não transmissíveis contribuíram para quase 60% dos 56 milhões de mortes anuais . Tendo em consideração estes valores e antevendo um agravamento desta situação, a prevenção das doenças crónicas não transmissíveis constitui um dos maiores desafios para a saúde pública actual. O Relatório Mundial de Saúde de 2002 da Organização Mundial de Saúde (OMS)1 descreve como os principais factores de risco contribuem para os valores de mortalidade e morbilidade da maior parte dos países. No caso das doenças crónicas não transmissíveis, os factores de risco mais importantes incluem hipertensão, consumo de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas, deficiência em ferro, colesterol sanguíneo elevado, consumo inadequado de frutos e hortícolas, inactividade física e o excesso ponderal. Hábitos alimentares pouco saudáveis e inactividade física, estão entre as principais causas para o aumento dos factores de risco acima referidos e para o aparecimento de doenças como obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e certos tipos de cancro, que contribuem substancialmente para as despesas globais com a saúde e para os valores de mortalidade. Face à crescente e alarmante prevalência deste tipo de doenças, tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos, os Estados Membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), solicitaram, em Maio de 2002, a elaboração de uma estratégia global que pudesse ser usada como instrumento na prevenção das doenças crónicas não transmissíveis . Em Maio de 2004, durante a Assembleia Mundial de Saúde, que decorreu em Genebra (Suíça), foi aprovada a “Estratégia Global de Alimentação, Actividade Física e Saúde” (Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health). î Objectivos: Tendo sempre como objectivo final a promoção e melhoria da saúde da população, a Estratégia tem quatro objectivos principais: - Reduzir os factores de risco para as doenças crónicas provenientes de hábitos alimentares inadequados e inactividade física através de acções em saúde pública e de medidas que abranjam a promoção da saúde e a prevenção da doença; - Aumentar a consciencialização da população para a influência da alimentação e actividade física na saúde e para o impacto positivo que têm as acções de prevenção; - Incentivar o desenvolvimento e implementação de políticas e planos de acção que sejam abrangentes, de longa duração e multisectoriais, e que incluam a colaboração com a sociedade civil, sector privado e com os meios de comunicação; - Monitorizar dados científicos e principais influências na alimentação e actividade física; apoiar a investigação realizada em áreas relevantes para este tema, incluindo a avaliação da eficácia das intervenções e o reforço dos recursos humanos necessários neste domínio. î Conteúdo do Documento: De uma maneira não vinculativa, a Estratégia fornece aos diversos intervenientes na prevenção das doenças crónicas (OMS e outras instituições das Nações Unidas, Estados Membros, organizações não governamentais, sociedade civil e sector privado), um vasto conjunto de opções para que estes possam , criando planos de acção adaptados à realidade de cada país, melhorar o estado de saúde da população e diminuir os avultados gastos com o tratamento das doenças. î Recomendações alimentares e de actividade física: As recomendações alimentares e de actividade física existentes neste documento têm por base a vasta evidência científica actual: - Adquirir um peso adequado à estatura e fazer a manutenção do mesmo através do equilíbrio energético entre o que é gasto e o que é consumido; - Limitar o consumo de gordura total preferindo sempre gorduras insaturadas e eliminando o consumo de ácidos gordos trans; - Aumentar o consumo de frutos, hortícolas, cereais e leguminosas; - Limitar o consumo de açúcares simples; - Limitar o consumo total de sal (sódio), assegurando que o sal consumido é iodado. Relativamente à actividade física recomenda-se um mínimo de 30 minutos diários para a redução do risco de doença cardiovascular, diabetes, cancro do cólon e da mama. Se o objectivo for o controlo ou a redução de peso, pode ser necessário aumentar o tempo diário dedicado à prática de actividade física. î Responsabilidade da OMS: A OMS, em colaboração com as restantes instituições interessadas, é responsável por providenciar liderança, colaboração, apoio, orientação, regulação e coordenação entre todos os intervenientes que estejam interessados em desenvolver planos de acção, recomendações à população, investigação e outras actividades que visem promover hábitos alimentares e de actividade física mais saudáveis. O documento apresentado discrimina o papel da OMS nas acções anteriormente mencionadas. î Áreas de intervenção recomendadas aos Estados Membros: - Educação, comunicação e consciencialização da população; - Criação de recomendações nacionais para a alimentação e a actividade física; - Marketing, publicidade e promoção de produtos alimentares para crianças e adolescentes. Sugere-se que nenhuma destas actividades deve explorar a credulidade e inexperiência destas faixas etárias, e que mensagens que promovam hábitos alimentares pouco saudáveis ou um estilo de vida sedentário devem ser desencorajadas, devendo os governos ter nesta área um papel coordenador e principalmente regulador; - Melhoria e monitorização da rotulagem nutricional; - Controlo da utilização de “menções de saúde” nos produtos alimentares; - Promoção de alimentos que, numa alimentação saudável, devem ser consumidos diária e regularmente; - Políticas fiscais. Uma vez que o preço dos alimentos é um dos factores que influencia a escolha dos consumidores, as políticas fiscais implementadas devem influenciar o preço dos alimentos através da aplicação de taxas que favoreçam a escolha e adopção de hábitos alimentares saudáveis; - Programas alimentares de ajuda aos mais carenciados; - Políticas agrícolas. A política agrícola de um determinado país pode ter uma grande influência nos hábitos alimentares da população, assim, a política deve ser escrita e implementada tendo também em consideração a promoção da saúde e a prevenção das doenças crónicas não transmissíveis; - Desenvolvimento de políticas multisectoriais para a promoção da actividade física; - Implementação de programas escolares que apoiem a adopção de hábitos alimentares saudáveis e de práticas de actividade física adequadas. Além de estabelecer as responsabilidades da OMS e dos Estados Membros, este documento inclui também as responsabilidades de outras instituições das Nações Unidas, das ONG e do sector privado. Atribuindo funções a diversos intervenientes, é destacada a importância da colaboração entre sectores e instituições para a eficácia das acções de prevenção. î Implementação: O plano para a implementação da Estratégia Global está a ser finalizado pela OMS. No entanto, todas as acções que os Estados Membros ou outras Instituições pretendam desenvolver podem, como sempre, contar com todo o apoio da OMS, uma vez que urge promover e melhorar a saúde mundial e que existe todo o interesse em desenvolver novas actividades e em avaliar o seu impacto e eficácia. A aprovação deste documento representa apenas um primeiro passo na prevenção global da epidemia das doenças crónicas não transmissíveis. Esta estratégia constitui uma valiosa ferramenta de trabalho em saúde pública, uma vez que coloca à disposição de cada país uma extensa lista de sugestões para uma abordagem holística deste problema. A eficaz implementação desta estratégia contribuirá de forma decisiva para a melhoria da saúde da população mundial. Para mais informações consulte o site: http://www.who.int/dietphysicalactivity/en/ ----------------- Referências bibliográficas: The World Health Report 2002. Reducing risks, promoting healthy life. Geneva, World Health Organization, 2002. Diet, Physical activity and Health. Fifty-fifth World Health Assembly, Agenda item 13.11 (WHA 55.23). Geneva, World Health Organization, 2002 (disponível em: http://www.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA55/ewha5523.pdf, consultado a 1 de Outubro de 2004). |
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