Para responder a pergunta acima é preciso voltar no tempo. Todos sabemos que o afeto recebido nos primeiros anos de vida é essencial para fortalecer nossa auto-estima e nossa capacidade de acreditar em nós mesmas.
Mas infelizmente nem todas nós recebemos o amor que esperávamos receber, gerando assim muitos conflitos quando adultas.
Nos preocupamos muito com nosso corpo, mas nem sempre fazemos o mesmo com nossa mente. Buscamos receitas mágicas para resolver alguns conflitos, mas resistimos em entrar em contato com o que verdadeiramente sentimos.
O amor que recebemos pode comprometer o amor por nós mesmas e afetar também nossa maneira de nos cuidarmos. Por isso que insisto sempre na importância em se conhecer para se amar, pois raramente amamos quem não conhecemos. Também não gostamos de estar ao lado de quem só nos faz criticas, mas nós mesmas somos as primeiras a nos criticar e depois queremos nos sentir bem em nossa própria companhia.
Mas de onde vem esse hábito tão forte em se criticar? Você já parou para pensar sobre isso? Alguém a tratava assim quando era criança? Quem? Por que é tão difícil fazer algo que é bom para você, como dar continuidade em hábitos que farão com que elimine peso? Por que insistir em ignorar necessidades tão básicas e importantes como sua saúde física e mental?
Se estiver em algum padrão destrutivo de comportamento, procure identificar qual é. Pode ser em seu relacionamento afetivo, nas suas relações com seus familiares ou com seus filhos, ou algo relacionado com seu trabalho, ou ainda, consigo mesma. Como você está se tratando? É difícil fazer algo só para você e por você? Enquanto ignorar suas necessidades, aquilo que sua alma anseia, esperando que alguém venha lhe socorrer, poderá criar cada vez mais conflitos internos que com o tempo se acumulam e se intensificam, tornando-se cada vez mais difícil encontrar a origem de suas dificuldades.
Pode ser que a origem de não conseguir fazer mais por si mesma esteja na falta de afeto e demonstrações de amor quando era criança. O que você se lembra dessa época? Ou evita sequer pensar sobre o assunto? Ao trazer essas lembranças em sua mente lhe causa dor?
Pense em fazer uma psicoterapia, pois um profissional poderá lhe ajudar a entender melhor todo esse processo e superar o que tanto machuca. Por mais que negue ou evite pensar sobre o assunto, tudo está registrado em seu inconsciente e em algum momento isso se tornará presente, podendo contaminar seu jeito de ser e agir. Enquanto não curar o que precisa ser curado, irá repetir alguns padrões de comportamentos.
Pense na maneira com que foi tratada quando criança. Será que não é dessa forma que continua se tratando até hoje sem sequer perceber? Se sente que seus pais não te deram o que merecia, lembre-se também que não fizeram porque não queriam, mas provavelmente, porque não sabiam. Você já pensou como foi a infância deles? Se não tem informações, busque saber mais. Talvez compreenda um pouco mais as dificuldades que enfrentaram.
Nem sempre conseguimos dar o que não recebemos. Se hoje, com tanta informação, temos tanta dificuldade em mudar nossos próprios padrões de comportamentos, imagine isso há 20, 40 anos atrás. Nesse momento pense em seus pais. Ainda que não estejam mais vivos, traga em seu pensamento a figura de seu pai e sua mãe. Como diz a letra da música do Renato Russo: Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, e isso é absurdo. São crianças como você... Veja-os como crianças. O que imagina que eles sentiam? Quantas necessidades deles próprios também não foram satisfeitas? Como eles poderiam dar o que muitas vezes nunca receberam?
Esforce-se um pouquinho e procure compreendê-los e quem sabe perdoá-los, quem sabe assim conseguirá se libertar de muitas mágoas que a impede de fazer um pouco mais por você, pensando que não é merecedora de receber amor como pode não ter recebido da forma com que gostaria. Mas por menos que tenha recebido, não continue se tratando da mesma maneira.
Se for preciso, analise cada cantinho de sua vida até compreender quais são as coisas que faz que te levam a situações das quais não gostaria de estar. Se disponha a lembrar, ficar, chorar, se for necessário, mas deixe sair de dentro de você mágoas antigas, que quanto mais você as reprimir mais intensas se tornam.
Se quiser, depois que ler até o fim, feche os olhos e visualize seus pais na sua frente e veja o interior deles. Pense no quanto podem ter sofrido em não saber ou não conseguir expressar o amor por você. Diga para sua mãe que você a ama, que fique calma; faça o mesmo com seu pai. Diga que você sabe do amor deles por você e que os perdoa. Abrace-os e diga o quanto os ama.
Traga para dentro de seu coração o sentimento de gratidão e compreensão, reconhecendo o amor que eles sentem por você. Feito isso creio que será mais fácil ser mais amorosa e compreensiva consigo mesma como gostaria que tivessem sido com você. E com certeza poderá cuidar de si mesma da mesma maneira com que trata aqueles que você ama, com muito amor e carinho!
Por:
Rosemeire Zago
Psicóloga clínica com abordagem jungiana, especialização em psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento e ministra palestras motivacionais. Contato: (011) 9950-5095
Rosemeire Zago
Psicóloga clínica com abordagem jungiana, especialização em psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento e ministra palestras motivacionais. Contato: (011) 9950-5095
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