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Sobre Diabetes

De repente, quando menos se espera, durante o passeio no parque, em meio às compras no supermercado ou logo no começo da ginástica, o mal estar aparece. Pode ser sutil como uma sensação de fome súbita, uma dor de cabeça leve, uma certa irritabilidade... Ele pode até passar despercebido, caso a pessoa interrompa a atividade ou coma um lanche. Mas pode nos surpreender a agressividade de sintomas como fadiga, tremores, tonturas, palpitações, sudorese intensa a ponto de molhar toda a roupa e os cabelos, palidez, visão embaçada ou dupla, dormência nos lábios e língua, desorientação, mudança de comportamento, podendo chegar à convulsão e ao coma, à perda de consciência por baixa do açúcar no sangue. Estamos diante de um quadro de hipoglicemia, com todas as suas possibilidades de complicações.

O cérebro com seus milhões de neurônios utiliza a glicose como a única fonte de nutrientes e de energia. Qualquer queda além do normal, por menor que seja, causa sintomas neurológicos de intensidade progressiva, à medida em que os valores de glicemia caem, revelando a falta do maior combustível cerebral: a glicose.
Quando uma pessoa não diabética não consegue se alimentar em seus horários previamente determinados nada de grave acontece, no máximo, aparece uma fome além do normal e até uma dorzinha de cabeça, indicando a depleção dos estoques de glicose no sangue. Nesse momento, o corpo manda um aviso ao pâncreas que praticamente interrompe a produção basal de insulina ou reduz essa produção a níveis muito baixos, o que impede a progressiva queda da glicose no sangue. Isso permite ao não diabético atrasos nas refeições, sem grandes problemas e com níveis de glicose no sangue estáveis, apesar do jejum.
Na pessoa com diabetes isso nem sempre é possível. A glicose sangüínea, tão teimosa em se elevar no sangue, pode fazer um movimento inverso. Cair progressivamente com sintomas muito desconfortáveis e repentinos. Considera-se hipoglicemia quando os níveis de glicose no sangue caem abaixo de 70mg/dL. Isso pode ocorrer quando há:
(1) Atividade física além do normal - a dose de insulina ou de medicamentos orais são fornecidos para um certo nível de atividade física. Quando uma pessoa diabética, que ficaria sentada durante toda a manhã, resolve caminhar até o trabalho ou se exercitar em uma academia, ela deverá comer um pouco mais ou reduzir a dose dos medicamentos, pois, caso contrário, seu açúcar no sangue cairá a níveis de hipoglicemia. Podemos evitar isso através de um pequeno lanche realizado antes de qualquer atividade física não programada.
(2) Redução do volume, atraso ou falta de uma refeição regular - nesse caso, mesmo sem atividade física extra, as doses de medicamentos orais ou insulina causam queda progressiva da glicose. Quando uma pessoa diabética tomou seu medicamento oral ou insulina pela manhã, espera-se que ele faça suas refeições pré-estabelecidas no horário, pois caso contrário terá hipoglicemia. Na pessoa não diabética, a omissão de uma refeição leva a redução drástica na produção de insulina pelo pâncreas. No diabético isso não acontece, pois ele já tomou a insulina ou o comprimido que obriga seu pâncreas a produzir insulina, o que acarretará numa queda progressiva de sua glicose sanguínea. Em termos práticos, um diabético não deve variar a quantidade de alimento em cada refeição. Poderá até trocar o alimento por outro do mesmo grupo, mas deverá sempre tentar comer a mesma quantidade. Por exemplo, um café da manhã com duas fatias de pão integral poderá ser trocada por um pão francês ou 3 colheres de aveia em flocos, mantendo assim a mesma quantidade de carboidrato. Isso deve ser feito com os demais alimentos. Logo, as pessoas com diabetes devem saber muito bem o que é carboidrato e como trocá-lo por outro carboidrato, assim procedendo também com as proteínas e gorduras. Parece difícil, mas não é, basta disposição para aprender. Uma vez de posse dessas informações, essa pessoa com diabetes não terá dificuldade em comer fora de casa, viajar e se divertir. A alimentação não será um entrave em sua vida.
(3) Vômitos ou diarréia - podendo reduzir a ingesta e absorção dos alimentos, quadro semelhante àquele descrito anteriormente, pois o resultado será sempre o de uma refeição desproporcionalmente reduzida em relação à medicação utilizada.
(4) Consumo de bebidas alcoólicas - sempre que um diabético for ingerir bebidas alcoólicas, ele deverá consumir alimentos concomitantemente. O consumo desse tipo de bebidas, sem o respaldo do alimento associado, poderá acarretar hipoglicemias graves, uma vez que o álcool impede a compensação do fígado de produzir glicose que garanta o substrato energético nas fases de jejum.
(5) Uso de doses maiores de insulina ou de medicamentos hipoglicemiantes.
Diante de um quadro sugestivo de hipoglicemia, devemos fazer o seguinte:
(1) Medir a glicemia através do exame de ponta de dedo quando possível, para se ter certeza do problema e avaliar a gravidade da queda da glicemia;
(2) Se o paciente estiver consciente, oferecer um alimento rico em carboidrato, como, por exemplo, um copo de suco de fruta - principalmente laranja - ou refrigerante - não diet - uma ou duas barras de chocolate ou uma colher de sopa de açúcar. Esses alimentos somente devem ser administrados se o paciente estivar consciente e capaz de engolir;
(3) Se o paciente estiver inconsciente, deve-se aplicar Glucagon, um hormônio que aumenta a glicemia rapidamente ou usar o próprio açúcar, colocando-o debaixo da língua do paciente ou friccionando-o no lado interno da bochecha;
(4) Assim que o paciente recuperar a consciência, ele deve ingerir um alimento rico em carboidrato de absorção rápida (laranja, refrigerante não diet ou água com açúcar) e deve ser observado nas próximas horas;
(5) Caso o paciente não responda às manobras iniciais, ele deve ser levado ao Pronto Socorro imediatamente para receber glicose na veia.
O mais importante é a prevenção dos episódios hipoglicêmicos, evitando-se todas as condições predisponentes listadas acima. Quanto mais rigorosamente for tratado um paciente com diabetes, maior a probabilidade de ele vir a ter algum quadro de hipoglicemia. Pacientes com glicemias elevadas, geralmente, não têm esses episódios. Isso não deve ser levado em conta para se justificar uma glicemia basal elevada, pois sabemos que é possível deixar o paciente bem controlado e sem hipoglicemias. Essa será sempre a nossa meta.
A prevenção das hipoglicemias pode também contar um novo acervo de medicamentos que está entrando no mercado e irá certamente mudar a forma de tratamento dos pacientes com diabetes, tornando esse tratamento mais humanizado, eficiente e prático, dando a esses pacientes maior liberdade na escolha dos alimentos e maior flexibilidade nos horários das refeições.
Importante para o paciente diabético
(1) Usar um cartão de identificação: Tenho Diabetes, muito útil para o caso de perda da consciência fora de casa e sem acompanhantes que saibam do problema;
(2) Ter Glucagon em casa, principalmente os pacientes insulino dependentes;
(3) Levar balas ou tabletes de glicose na bolsa;
(4) Lembrar que as hipoglicemias noturnas podem se manifestar como pesadelos, dores de cabeça ao levantar e sudorese noturna.

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