RONCO - Ronco é provocado pela vibração do ar nas vias da faringe e a flacidez do palato mole
Pense na seguinte situação: você chega em casa cansado, após um dia estressante e cansativo de trabalho, querendo relaxar e recuperar as energias, toma aquele banho, janta e corre para o quarto, sonhando em ter aquela noite gostosa de sono... Até que, ao seu lado, a pessoa que divide a cama com você começa a roncar estrondosamente, deixando os seus nervos à flor da pele. Inicia-se então o pesadelo.
Cerca de 70 milhões de brasileiros roncam e uma outra parte, algo em torno de 4% a 5%, tem problemas relacionados com os distúrbios do sono, principalmente apnéia - interrupção do fluxo do ar que pode levar à morte.
Mas eis que surge uma esperança para os roncadores e, lógico, para quem dorme ao lado deles. Está sendo testada no Brasil uma injeção que promete acabar de vez com o ronco. Batizada de "roncoplástica", a novidade é aplicada em três pontos do céu da boca, próximo a epiglote - a chamada campainha - e no prazo de sete a dez dias há um enrijecimento da região, pondo fim ao ruído desagradável que atormenta muita gente.
A injeção roncoplástica é na verdade um combinado das substâncias oleáto de monoetanolamina e o etano, também usadas para a retirada de varizes. Os resultados foram positivos em 85% dos voluntários que se submeteram aos testes realizados pela Universidade de São Paulo (USP). Outro ponto a favor é o preço: R$ 25.
Embora ainda nem tenha sido lançada no mercado, a injeção já gera polêmica entre os médicos. Primeiro, apesar de estar sendo tratada até como revolucionária, num viés sensacionalista, o produto serve apenas para alguns casos.
O otorrinolaringologista Pedro Cavalcanti explica que o ronco é apenas um sinal de que algo pode estar errado, muitas vezes relacionado com obesidade, sedentarismo, flacidez muscular, problemas pulmonares e cardíacos e até diabetes. São vários os diagnósticos. Existem pessoas que só têm o ronco primário. Elas roncam, não têm diminuição de oxigenação, não têm parada respiratória, nada de importante. Mas existem aquelas pessoas que até roncam pouco mas têm problemas bem mais graves do que isso", diz o médico.
Vacina ainda gera dúvidas
O otorrinolaringologista Pedro Cavalcanti se mostra reticente com relação à injeção "roncoplástica", que considera uma forma simplista de resolver um problema complexo. Ele trata dos problemas do sono, entre eles o ronco, desde os anos 80, quando passou a realizar cirurgias em Natal para por fim a esse distúrbio.
Ele explica que as intervenções cirúrgicas para acabar com o ronco evoluíram bastante, desde a diminuição do palato mole com o uso do bisturi convencional, até o laser, a escleroterapia e as cauterizações com um aparelho chamado somnoplastia, uma espécie de cautério computadorizado. A maioria desses métodos queima o tecido, fibrosando-o, mas não sem risco de necrose.
"E agora fizeram o que era mais lógico. Pegaram a mesma substância que se usa para varizes, e ao injetar ela destrói o tecido e cria uma cicatriz por dentro. É uma droga menos agressiva que um cautério. Ela causa uma reação inflamatória dentro do músculo e do palato e ao cicatrizar o palato fica mais tenso, vibra menos e diminui o ronco", explica Pedro Cavalcanti. Mas adianta: "Jamais vamos vender essa idéia."
O médico informa que o método deve funcionar apenas em casos muitos selecionados. "Se for obeso, não vai resolver o problema da obesidade; nem em quem toma medicamentos, nem naqueles com flacidez muscular."
O tratamento com a "roncoplástica" deve ser feito com mais de uma aplicação, e sim de forma seriada, segundo o otorrino. "Ninguém vai ser louco de jogar uma substância esclerosante numa área que possa ter complicações", comenta Cavalcanti. "Eu não quero dizer que o procedimento está alijado. Precisa ser mais avaliado. Em medicina, a gente precisa ter cuidado com essas coisas."
Vibração da faringe
O ronco é a vibração resultante da passagem do ar pelas partes moles da faringe, como explica Pedro Cavalcanti. Porém, outras regiões podem vibrar, como a base da língua, as amídalas, a epiglote. O barulho é resultante de um afunilamento por que passa o fluxo de ar na faringe, numa espécie de turbilhonamento. O palato mole ou véu palatino é a região que tem maior possibilidade de vibrar, uma vez que é considerada uma das partes mais flácidas do corpo.
Alguns fatores contribuem para o surgimento do ronco: amídalas muito grandes, tumores, desvio do septo nasal entre outros. E pode ser agravado pelo álcool e fumo, além do sobrepeso. Ter uma vida saudável com a prática de atividades físicas diárias ajuda a solucionar ou amenizar o problema. Medicamentos para dormir, tranqüilizantes, também podem provocar o ronco, já que relaxa a musculatura, inclusive da faringe.
O ronco é a vibração resultante da passagem do ar pelas partes moles da faringe, como explica Pedro Cavalcanti. Porém, outras regiões podem vibrar, como a base da língua, as amídalas, a epiglote. O barulho é resultante de um afunilamento por que passa o fluxo de ar na faringe, numa espécie de turbilhonamento. O palato mole ou véu palatino é a região que tem maior possibilidade de vibrar, uma vez que é considerada uma das partes mais flácidas do corpo.
Alguns fatores contribuem para o surgimento do ronco: amídalas muito grandes, tumores, desvio do septo nasal entre outros. E pode ser agravado pelo álcool e fumo, além do sobrepeso. Ter uma vida saudável com a prática de atividades físicas diárias ajuda a solucionar ou amenizar o problema. Medicamentos para dormir, tranqüilizantes, também podem provocar o ronco, já que relaxa a musculatura, inclusive da faringe.
Sufocando no sono
A neurologista Isadora Queiroz, especialista em distúrbios do sono, considera a questão multifatorial e diz ser preciso o paciente passar por uma avaliação afim de saber se o ronco não está apontando para um outro problema mais sério. Um dos perigos é a apnéia, momentos de parada respiratória durante o sono que podem levar à morte.
"O ronco enfarta a pessoa do lado, às vezes (risos), mas a apnéia do sono é um fator de risco sozinho para se ter enfarte ou AVC. Não precisa ser hipertenso, não precisa ser diabético, não precisa ter outra doença. Se o paciente tiver só apnéia, ele para de respirar diversas vezes durante a noite. Se ela for moderada ou grave, ele pode ter um AVC ou um enfarte e morrer dormindo", explica Isadora.
O ronco e a apnéia são doenças que podem atingir pessoas de todas as idades, desde crianças a pessoas de idade mais avançada.
Para detectar problemas como a apnéia, o indicado é fazer o exame de polissonografia, espécie de mapeamento feito enquanto o paciente dorme, com eletrodos conectados a um computador que registra batimentos cardíacos, fluxo respiratório entre outros dados. A gente via muito no começo, predominantemente, os pedidos de polissonografia da avaliação dos distúrbios respiratórios do sono chegavam bastante pelo pneumologista e, principalmente, pelo otorrino, porque o ronco é o principal sinal. Mas tem aumentado muito o número de pacientes encaminhados pelo cardiologista e pelo endocrinologista", diz.
A neurologista Isadora Queiroz, especialista em distúrbios do sono, considera a questão multifatorial e diz ser preciso o paciente passar por uma avaliação afim de saber se o ronco não está apontando para um outro problema mais sério. Um dos perigos é a apnéia, momentos de parada respiratória durante o sono que podem levar à morte.
"O ronco enfarta a pessoa do lado, às vezes (risos), mas a apnéia do sono é um fator de risco sozinho para se ter enfarte ou AVC. Não precisa ser hipertenso, não precisa ser diabético, não precisa ter outra doença. Se o paciente tiver só apnéia, ele para de respirar diversas vezes durante a noite. Se ela for moderada ou grave, ele pode ter um AVC ou um enfarte e morrer dormindo", explica Isadora.
O ronco e a apnéia são doenças que podem atingir pessoas de todas as idades, desde crianças a pessoas de idade mais avançada.
Para detectar problemas como a apnéia, o indicado é fazer o exame de polissonografia, espécie de mapeamento feito enquanto o paciente dorme, com eletrodos conectados a um computador que registra batimentos cardíacos, fluxo respiratório entre outros dados. A gente via muito no começo, predominantemente, os pedidos de polissonografia da avaliação dos distúrbios respiratórios do sono chegavam bastante pelo pneumologista e, principalmente, pelo otorrino, porque o ronco é o principal sinal. Mas tem aumentado muito o número de pacientes encaminhados pelo cardiologista e pelo endocrinologista", diz.
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