O que são esses sabotadores? Bem, são pequenos vícios que você não se apercebe que faz, mas que destroem carreiras, relacionamentos, negócios, a felicidade, o bem-estar, plano de emagrecimento e impedem no fundo que seja bem sucedido naquilo a que se propõe. Pretendo esclarecê-lo acerca das características existentes nessas pessoas e suas atitudes sabotadoras. Se você se identificar com alguma dessas atitudes, não desespere, é sempre tempo de mudar.
FAZEM AS COISAS POR FAZER
São pessoas que estão recorrentemente preocupadas, agitadas e atarefadas, o que fazem é sempre de extrema importância. Elas são como aquele jogador de futebol que corre sem objetivo pelo campo, sem pensar que, se tivesse uma noção clara do que fazer, poderia esforçar-se menos e obter melhores resultados.
NÃO TERMINAM O QUE FAZEM
São pessoas que não completam o plano de dieta ou o curso de inglês ou de música, o relatório que precisam preparar, a petição que tinha um prazo determinado, o projeto financeiro que deveriam entregar até ao final da semana, etc. Também pertencem a esse grupo os executivos que implementam com grande pompa e circunstância novos programas na empresa e não dão continuidade a eles. Iniciam tantas atividades ao mesmo tempo, todas com a mesma prioridade, que não têm fôlego para completar nenhuma delas.
ESTÃO SEMPRE COMEÇANDO ALGO
Como não completam os objetivos a que se propuseram, essas pessoas apegam-se à ilusão de que algo novo salvará as suas vidas: um novo projeto, um novo trabalho, um novo amor, um novo terapeuta, um novo estilo administrativo etc. Depois de algum tempo, a motivação desaparece como por artes mágicas e elas têm que esquematizar uma nova promessa de salvação para suas vidas.
NÃO PLANEJAM
Começam tudo por impulso, porque ficam fascinados à primeira vista, sem analisar as consequências. Quando surgem as dificuldades, correm em busca de soluções mágicas, o que só traz novos problemas.
QUANDO PLANEJAM NÃO REALIZAM ESSES OBJETIVOS
Estão constantemente a ter novas ideias, o que leva à modificação de todo o planejamento, desvalorizando o que havia sido combinado anteriormente. O seu método preferido é iniciar algo sempre que uma crise se instala. Ajudam a criá- las ao deixar de preveni-las; assim, sentem que têm algum controlo sobre a sua vida, ficando esperançados que ainda podem resolver a situação ou partir para outra.
Citação: “Algumas pessoas tem uma certa habilidade em escolher precisamente aquilo que é pior para elas.” J.K. Rowling
NÃO TÊM NOÇÃO DE RITMO
Tendem a dedicar-se muito no inicio, com muita energia, e por vezes um pouco fora da realidade, mas aos poucos vão desanimando para mais tarde desistirem. São como aquelas pessoas que, ao começar um curso de piano, estudam 6 horas por dia, fazem aulas extras e compram todos os discos. Mas aos poucos vão perdendo o ímpeto até que, após alguns meses, chegam ao ponto de esquecer que têm um piano.
PROCURAM SEMPRE SOLUÇÕES FANTÁSTICAS
O sucesso é construído de hábitos que devem ser implementados diariamente, pouco a pouco e com a noção das capacidade que se tem. Por exemplo, em vez de se consciencializarem de que um corpo bonito e saudável é resultado de uma dieta adequada, acompanhada de exercícios físicos, essas pessoas acreditam sempre que existe algum tipo de regime fantástico que permite comer o que quiser e quanto quiser. Frequentemente, apresentam as soluções no último instante, quando não há mais tempo para implantá-las ou quando a sua implementação já não faz sentido. Apresento algumas soluções para este tipo de problema no artigo: Um pequeno passo pode mudar a sua vida. Em vez de procurar mudanças radicais, que são ambiciosos, de difícil implementação e muitas vezes de insucesso, é mais benéfico estas pessoas darem pequenos passos de forma a sentirem-se confortáveis.
VIVEM NO “QUASE”
Quase me formei,quase emagreci, quase me casei, quase tive filhos. O “quase” mantém a ilusão de sucesso dessas pessoas, pelo fato de terem chegado perto do topo da montanha. Na verdade, elas procuram não se comprometer. Usam muito a palavra “talvez” e a expressão “pode ser”. Correm sempre “atrás” do futuro: gostaria, faria, levaria. Note que a percepção interior e o comprometimento de alguém que diz “vou a sua casa hoje às 9 horas” é muito diferente de uma pessoa que diz simplesmente “talvez eu apareça em sua casa”.
NÃO LIGAM AOS DETALHES DIFERENCIADORES
O assistente vai à reunião de decisão sem o relatório. O Carpinteiro vai à casa do cliente tirar as medidas para a construção da mobília e não leva o instrumento de medida. Sai com a pessoa que pretende conquistar , sem cuidar da sua imagem e sem tomar banho. São os detalhes que fazem a diferença entre uma vitória e uma derrota.
NÃO MANTÉM OS COMPROMISSOS
Como mudam de ideia com frequência, qualquer contratempo é motivo suficiente para não cumprir os acordos previamente estabelecidos. Como alguém que combina ir a um aniverário de um amigo e se comprometeu com a namorada a comprar a prenda, mas descobre que está sem dinheiro e decide não gastar mais. Ele muda de ideia e não avisa a namorada. Simplesmente não compra a prenda e deixa a namorada ir à festa de aniversário do amigo, esta fica esperando e ele não aparece. Estabelece-se um padrão sabotador de si mesmo, perde-se a responsabilidade e a credebilidade.
O que estas pessoas devem mudar?
Talvez neste momento você esteja consciente de que têm alguns desses hábitos que sabotam o seu sucesso (na verdade, todos nós em algumas áreas da nossa vida cometemos alguns destes comportamentos inadequados). A consciencialização é o primeiro passo para a mudança. A partir de agora observe esse hábito cada vez que ele surgir, analise as consequências negativas para a sua vida e comece a desenvolver novos hábitos.
Por exemplo, se você está criando uma maneira saudável de se alimentar, não vá a um rodízio de carnes. Sempre que o empregado de mesa passar oferecendo alguma coisa você vai ser obrigado a tomar uma decisão difícil e que o coloca no caminho do insucesso, com a agravante de lhe tirar o prazer de estar no restaurante. Ou então decide sucumbir à tentação da comida em excesso, tendo prazer imediato, mas culpabilizando-se o resto do dia. Reforça assim a noção que tem de si mesmo, como alguém que não cumpre o que promete. Simplifique a sua vida. O sucesso virá de forma natural.
Citação: “O homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre escravo daqueles que se propõem satisfazê-los.” Gustave Le Bon
Os campeões criam um sistema de realizações que facilita a obtenção dos seus objectivos. Eles têm hábitos funcionais que evitam desgaste desnecessário de energia. Por exemplo: fumar é frequentemente um desgaste na vida das pessoas. Instalando-se a dúvida:
Será que eu devia parar de fumar?
Não devia ter fumado logo pela manhã.
Por que fumei tanto hoje?
Amanhã vou parar.
Vou só fumar um cigarro porque estou triste…
Um milhão de perguntas e frases vão drenando a sua energia, deixando a sua mente cansada, retirando capacidade para tomar decisões alinhadas com o seu desejo.
Mas com tanta pressão, como vou conseguir fazer tudo de forma assertiva?
Você precisa deixar de lado as crises existenciais desnecessárias. Estas só justificam o mecanismo de defesa que criou, você defende-se arranjando justificações que “julga” serem lógicas para o facto de se sentir mal consigo mesmo. A nossa mente, esforça-se sempre por ser coerente, por contar uma história que tenha sentido. Se você se sente mal, tem de existir uma justificação, se não a procurar de forma estratégica, procurando factos reais e baseados em acontecimentos concretos, você fica à deriva, deixando os seus receios construírem inconscientemente uma história que o proteja (que na realidade o prejudica). Está apenas a proteger o seu ego. Está a criar uma ilusão de capacidade abandonado o barco antes que este se afunde, para não encarar a dura realidade que a responsabilidade é sua.
Citação: “Há uma espécie de conforto na auto-condenação. Quando nos condenamos, pensamos que ninguém mais tem o direito de o fazer.” Oscar Wilde
Como resolver?
Deve esforçar-se para perceber que tipo de conflitos internos possui, e prejudicam a obtenção dos resultados pretendidos. Foque-se nas acções que lhe permitem atingir a meta. Não se trata de estabelecer um sistema rígido, em que completar o que começou seja uma obrigação, sem permissão para crise ou sem flexibilidade para mudanças, mas sim de aprender a decidir e a realizar o que é importante na vida, sem adiar nem procurar justificações antecipadas. Quebre o padrão de percepção de incapacidade e comece a levar-se a sério. Acredite em si, leve as coisas até ao fim, mesmo que julgue ir fracassar. Aceite a possibilidade de fracassar/falhar, mas assuma esse risco. A aceitação dessa possibilidade, permite-lhe ganhar experiência e testar as suas capacidades e limites. Para aprofundar este assunto leia: O fracasso é uma opção, mas o medo não.
Quando uma pessoa não alcança um objetivo, não foi apenas uma meta que deixou de ser cumprida. Houve também um esforço para cumprir aquilo que planejou, que traçou para si, permitiu estabelecer uma relação consigo mesmo, apoiou-se na sua auto-imagem, reforçou caminhos e testou outros, uns que se verificaram satisfatórios, outros nem por isso. Se não testar a sua confiança, se não andar de braço dado com a crença que tem em si, essa desconfiança e desacreditação vai minando, aos poucos, os seus desejos e sonhos. As metas que estabelece a partir daí serão cada vez menores, sem desafios, levando à desmotivação e à sabotagem de si mesmo.
por Miguel Lucas
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